A-dos-Negros
A-dos-Negros é uma freguesia pertencente ao Concelho de Óbidos, Distrito de Leiria, tem cerca de 17 km2 e é constituída por várias povoações e alguns casais. Assim, as povoações são A-dos-Negros, Sancheira Grande, Sancheira Pequena, Gracieira, Areirinha, Casais da Areia e Quinta do Carvalhedo; os casais são Mata Rica, Poupeira, Miranda, Louriçal, Redondo, Cabeças, Chães, Vale Verde, Boavista, Portelinhas, Silval, Vale Mouro, Cautela, Mesquita, Vale da Agulha, Asseiceira, Fonte Nova, Loureiro, Carriço e Gaiteiro. Confina com as freguesias de São Pedro, Gaeiras, Usseira (todas estas do Concelho de Óbidos), São Gregório, A-dos-Francos (ambas do Concelho de Caldas da Rainha) e Carvalhal (esta do Concelho do Bombarral).
A freguesia foi criada durante a segunda metade do século XVIII, possivelmente um pouco depois do terramoto de 1755. Segundo o investigador Pinho Leal o seu nome derivará de Cecílio Negro, um corajoso capitão lusitano, que viveu vinte anos antes de Jesus Cristo. Antes de 1147, existiam várias povoações entre Leiria e Lisboa, onde residiam grandes núcleos judaicos, com sinagogas e hábitos de vida própria. Foi personagem importante um rabi-mor chamado Iáhia Aben-Yasich, e quem segundo o historiador Joaquim Veríssimo Serrão na sua obra História de Portugal, D. Afonso Henriques nomeou mordomo e cavaleiro-mor, em recompensa de serviços prestados na luta contra os Mouros, e concedeu a Aldeia dos Negros. Este historiador diz ainda "que esta doação se refere à tomada de Óbidos em 1148, tem que se aceitar a identificação com a actual povoação de A dos Negros, situada a 4 km". Sobre este assunto, outros autores estudaram, como Meyer Kayserling na obra História dos Judeus em Portugale João Evangelista na sua obra A dos Negros: uma aldeia da Estremadura. Segundo este último autor, no século XIX, os campos desta freguesia estavam cobertos de matagais, com muitas árvores (sobreiros, azinheiras, loureiros e medronheiros).
No Cadastro da População do Reino, efectuado por D. João III em 1527, a Aldeia dos Negros era um pequeno aglomerado com 20 fogos (cerca de 90 habitantes). Em 1757, o número de fogos já era de 122, tendo o povoamento da aldeia sido feito pelos campos adjacentes.
No campo eclesiástico, a apresentação do pároco era de responsabilidade do povo que lhe doava de côngrua, noventa alqueires de trigo, trinta de cevada e duas pipas de vinho. Durante algum tempo, esta freguesia esteve subordinada à Colegiada de São João de Mucharro, cujo prior tinha o dever de ir anualmente à igreja de Santa Maria Madalena cantar a festa da santa padroeira.